quarta-feira, outubro 17, 2007

Encontro Rio

Uma das coisas mais importantes para quem chega no Canadá e precisa arrumar um emprego é ter acesso a boas propostas de trabalho. E a melhor forma de conseguir fazer isso é por indicação de alguém. Estima-se que muito mais da metade das ofertas de trabalho não estão anunciadas em lugar nenhum. Serão preenchidas por indicações de funcionários internos.
Mas se você não conhece ninguém, como arrumar uma indicação? A resposta óbvia é: fazendo amigos. E fazer amizades é um esporte nacional no Brasil. Assim, um grupo de pessoas aqui do Rio teve uma idéia genial: vamos reunir os cariocas que estão imigrando e fazer a nossa rede de contatos já daqui. Quando chegarmos lá no Quebec já contaremos com figuras conhecidas para nos dar um apoio, por mínimo que seja. Só saber que terá a quem pedir socorro numa emergência já será tranqüilizante.
Assim, em meados de 2006 começaram os encontros desse grupo, pelo menos para mim, que fui à Cobal do Humaitá para encontrar pessoas que eu nunca tinha visto na vida, mas que seriam importantíssimas no meu futuro. Dali os encontros foram para o Bar da Rampa, aos pés da Baia de Guanabara, e depois para o local onde estamos até hoje: no ed. Morada sol, em Botafogo.
À frente desses eventos sempre estiveram, entre outros colaboradores, o Jéferson e o Carlos Luis, que criaram o formato do encontro que se mantém até hoje: uma palestra para os novos participantes que ainda estão buscando informações básicas sobre o processo, aquelas perguntas que ninguém mais suporta responder na lista. Em seguida, uma outra palestra, com um tema de interesse sobre o Canadá, para expandirmos o debate sobre o processo com fatos mais reais do que as especulações que normalmente lemos nas listas que existem por ai. Por último, um happy-hour, com refrigerantes e salgadinhos, onde todos são “convidados” a se apresentar ao grupo, num esquema meio Alcoólicos Anônimos :), para botarmos em prática o networking e trocarmos idéias e experiências sobre o futuro que nos espera.
E a história mostra que estamos no caminho certo. Com quase dois anos de eventos mensais, já temos casos em que contatos renderam empregos por lá. E tivemos muitos bons momentos em grupo que, se não se transformarão em laços profissionais, certamente serão laços de amizade, tão importantes quanto o primeiro emprego para que vai se mudar para uma terra estranha, com clima estranho e gente estranha.
Hoje o encontro é organizado por um outro grupo, do qual faço parte, e o Jéferson e o Carlos já não estão mais no Brasil. Essa transição foi um sucesso e mostrou que estamos construindo alguma coisa boa aqui, haja vista que o evento tem se mantido lotado.
Daqui a pouco será a nossa vez de dar adeus à organização e partir para a próxima etapa. Espero que o encontro continue com é hoje, um sucesso. E que lá possamos colher os frutos das amizades que fizemos aqui.
Se você quizer conhecer o nosso encontro, entre na comunidade
Quero Ir Para Québec.

Nosso Processo Federal

Bom, fizemos nossa entrevista no fim de abril e conseguimos o CSQ. Assim, a próxima etapa é o processo federal. Isso quer dizer mais um bocado de formulários pra preencher, mais um bocado de documentos para providenciar e mais um monte de paciência depois, porque essa é a fase da espera, onde ficamos em média uns seis meses sem ter nenhuma notícia do que está acontecendo por lá.

Mas no nosso cronograma, nossa viagem estava programada apenas para março ou abril de 2008. Então isso nos dá uma tranqüilidade para enviar o formulário do Federal e receber o pedido de exames ainda esse ano, dando até para adiarmos essa nova maratona um pouco e ter umas férias desse processo todo, porque ele estressa um pouco.

Só que planejamento feito com o trabalho dos outros costuma não dar muito certo, porque você não pode controlar os prazos alheios. Deixamos para colocar o nosso formulário federal em meados de julho, uns dois meses e meio depois do CSQ. Só que não colocamos no cronograma a enxurrada de processos que o Consulado está recebendo e que é fruto da divulgação maior que o processo está tendo. Recebemos a carta de confirmação de abertura do processo indicando que podemos ficar até dez meses esperando para sermos contatados de novo. Isso está atrasando um pouco os processos e o no nosso caso, as “férias” que tiramos pode acabar com o nosso planejamento, empurrando nosso “landing” para junho ou julho.

A Tati tem fé que nosso plano ainda está valendo, eu já não tenho tanta certeza assim. Mas como de uma forma ou de outra o que nos resta é sempre esperar, aguarde cenas do próximo capítulo.

segunda-feira, outubro 08, 2007

A Mudança antes da Mudança

Pois é. Começou a despedida da vida “brasillis”. Estamos desocupando a casa onde moramos. Um pouco antes do que as outras pessoas que estão imigrando fazem, porque ainda nem recebemos os pedidos de exames médicos. Mas precisamos fazer uma reforma na casa, manutenção característica de uma casa na praia, então aproveitaremos para nos mudarmos de vez e irmos nos desfazendo das coisas com calma, enquanto temos tempo. Mais dia menos dia a correria vai pegar a gente e é melhor estar preparado para ela.
Está tudo à venda: da cozinha ao quarto, tudo é negociável. Vamos morar com a mãe da Tati, então só precisamos levar a cama e as roupas... E um monte outras coisas que não foi possível ainda vermos indo embora e que ficarão para uma próxima edição. Começarmos agora, tão cedo, tem essa vantagem, talvez a única: podemos nos acostumar aos poucos com a idéia de que nossa vida precisa caber em uma coleção de malas.
Mas é difícil sair ileso de um processo desses. Para quem não tem muito apego às coisas é fácil, mas para mim não. Sou juntador de tralhas confesso, adoro a minha casa e as coisas que estão dentro dela. Tudo ali foi escolhido por nós e não faz muito tempo. Então estamos ainda na fase de curtir a casa, não enjoamos de nada. Se eu fosse casar de novo, minha casa seria praticamente igual.
Muitas coisas têm, além do valor monetário, a história que está por trás. Aquele tapete onde eu dormi muitas tardes de fim de semana vendo televisão. A rede com armação de madeira, que ficava na varanda e veio de Salvador depois de uma briga com a Cia. Aérea que não queria deixar aquilo embarcar de jeito nenhum. As cortinas da sala e do quarto, as colchas, tapetes e toalhas de mesa, testemunha de nossa paixão pelo artesanato do Nordeste. A minha oficina no sótão, todos os aparelhos da cozinha e o aquário... Meu aquário. Vinte e poucos anos de convivência com a água em movimento dentro de casa foram encerrados no dia 29 de setembro. Pelo menos vou poder ainda visitar ele na casa da “cumadi”, que tirou o elefante branco da minha sala.
Pois é: a imigração já chegou aqui em Itacoatiara e nós estamos digerindo isso ainda. O último dia em nossa casa foi exatamente o dia em que fizemos três anos de casados. Exatos três anos morando nessa praia maravilhosa que não tivemos muito tempo de curtir. Vamos agora começar uma nova contagem e espero que dentro de uns dois ou três anos possamos fazer essas contas em algum lugar de Gatineau.
Já saímos da frente da praia. Falta entrar no freezer...

sexta-feira, agosto 17, 2007

Vida de Primeiro Mundo

Começo dizendo que odiei o título do Post, mas não achei nenhuma outra definição que encaixe melhor no texto abaixo.

Sempre fui muito brasileiro e tinha uma visão meio doméstica do resto do mundo. Mas devo confessar que essa coisa de pensar que o Brasil ainda pode ser como a Suíça, que só somos discriminados porque estamos no hemisfério de baixo, bem, não é lá muito verdadeira. Temos muita coisa boa sim, coisas que eles não tem e não acreditariam, mas existem patamares de organização existentes no mundo - e não só no "primeiro mundo" - que simplesmente nunca conseguiremos fazer funcionar aqui. Não enquanto o Brasil for habitado por brasileiros.

Estive em um país que é mais ou menos do tamanho da Bahia e nesse espaço vivem 60 milhões de pessoas, ou um terço da população brasileira. Um bocado de gente: se fizermos uma regra de três, veremos que é relativamente muito mais que o Brasil. Mas existem uns seis prédios com mais de vinte andares. O resto tem em média sete pavimentos, se a cidade for grande. A maioria é bem mais baixa. E não tem ninguém apertado por lá. Não há engarrafamento, embora todo mundo tenha carro.

O que isso tem a ver com o Brasil? Planejamento. Se vamos fazer uma cidade crescer, temos que ter ruas preparadas para o fluxo de carros, escolas para as crianças e canos para passar o esgoto dessa gente toda. Ninguém vai esperar o cocô voltar pela privada para lembrar disso. Isso é planejamento. Coisa que o Brasil não tem. Eu moro hoje em uma cidade de 600.000 habitantes, que é média para o padrão do Brasil. Pois aqui não cabe mais gente. Nem por isso param de construir. São cerca de 100 novos apartamentos a cada mês. As ruas são apertadas e a prefeitura comemora o progresso da cidade, pois isso quer dizer mais dinheiro. A cidade tem um dos maiores IPTU’s do país, mas a minha rua é de terra e a água é de poço, porque até dois anos atrás não tinha rede de abastecimento ou de esgoto, que foi finalmente implantada por uma empresa privada.

Mas o Brasil não tem competência para planejar? Tem sim, existem aqui muitos especialistas em planejamento urbano. Só que os cargos são políticos, mesmo os técnicos. E são assim porque o brasileiro não planeja nada, então não precisa de técnicos. É melhor esperar dar tudo errado, porque aí é possível conseguir aquela verba emergencial para consertar sem licitação, o que é muito mais lucrativo do que executar o plano inicial. E ninguém vê reclamações com relação a isso. Não sendo possível dessa forma, deixa errado mesmo, porque a gente acaba se acostumando. Vejam a operação Tapa-buracos do Lula, o PAC do Lula e, só para ficar em três exemplos e fechar com chave de ouro, procure no Google por “a verdade do PAN”

Tá bom, isso é uma caricatura minha do Brasil, mas é uma bem realista. É por isso que eu acho que nunca seremos primeiro mundo. Nada a ver com dinheiro ou PIB. Não funcionamos da mesma forma, só por isso. Mas para constar, acho que podemos encontrar o nosso equilíbrio assim mesmo e não precisamos seguir o modelo deles. Só que vai custar muito mais.

quinta-feira, junho 14, 2007

Às pessoas que merecem nossa adminiração.

Quando começamos a falar nessa coisa de imigração para o Canadá, eu tive a minha primeira crise de idade. Comecei a me achar velho demais para o processo, começar uma vida inteira do nada, já com 33 anos e coisa e tal. E uma das primeiras pessoas com quem conversamos foi a Dorinha, madrinha da Tati que mora na Alemanha há 20 anos. Além de ser muito ligada à Tati e casada com uma das pessoas mais sensatas e esclarecidas que eu conheço, ela é também uma imigrante. Foi depois dessa conversa que lançamos a pedra fundamental do nosso projeto. A primeira de muitas conversas que tivemos sobre o tema.

Quando conheci a Dorinha ela já morava lá, para onde foi com marido e filho, da mesma forma como eu e a Tati estamos indo: sem nenhuma garantia de emprego, moradia, estabilidade. Apenas a certeza de que ia começar a vida de novo e a coragem necessária para encarar essa empreitada. E deu certo. Facil não foi, mas se posso admirar uma pessoa pela forma como encarou os desafios da vida e venceu, essa é a minha escolha e aqui está a minha homenagem. É o exemplo que eu espero seguir.

Conversamos muito sobre o recomeço, as escolhas, as possibilidades que teríamos aqui e lá, e em nenhum momento eles deixaram de nos incentivar e de torcer por nós. E esse apoio foi decisivo: difícilmente estaríamos vivendo o estágio atual sem o aconselhamento deles.

Quando estivemos lá no fim do ano passado, vivemos dias inesquecíveis, conversas maravilhosas com o Uwe, o alemão mais brasileiro que eu já conheci. Até hoje rimos das discussões acaloradas e recordamos com carinho a atenção com que fomos recebidos. Passamos o Natal na Alemanha e no início do ano nos encontramos de novo em Portugal, onde ficamos mais dez dias recarregando a alma de espírito português para voltar a vida normal. Lá eles pretendiam passar a próxima etapa da vida: a aposentadoria, mais do que merecida, em um lugar culturalmente mais parecido com o Brasil e climaticamente mais quente que a Alemanha também.
Voltamos de lá renovados e mais confiantes do que nunca. As conversas sobre as experiências vividas em um outro país foram preciosas para nós e nosso plano de imigração.

Deixamos o convite, prontamente aceito, para a primeira visita em terras Canadenses, confiantes no futuro. Afinal, se conseguirmos seguir o mesmo caminho que eles, o prognóstico é bom.

A mais ou menos um mês, no dia 11 de maio, descobrimos que ela não vai mais poder visitar a gente no Canadá. Ao invés disso, ela estará se mudando para lá com a gente.


Dorinha, querida, teremos saudades.

Pés no chão.

Post publicado originalmente em 08/05/2007, mas que o Blogger "comeu"...

Hoje eu lí um post em um blog de uma pessoa que já está no Canadá e que está vivendo na pele as dificuldades de se começar de novo.

É claro que a pior coisa que você pode fazer para o seu futuro é achar que será fácil recomecar a vida em um lugar que você sequer conhece. E não acredito que esse seja o caso dessa pessoa. Todos os desafios de uma decisão dessas estão muito bem descritos no blog dele e foi uma de minhas leituras iniciais sobre o processo de imigração. Uma enciclopédia. Então o que será que não estava nos planos? Talvez nada.

Quando eu penso na mudança e me preparo para essa nova etapa da minha vida, imagino sempre os desafios que terei que enfrentar para não me deixar levar pelos relatos mais otimistas - ou pessimistas - que encontro em profusão pela internet. Dessa forma eu já vou me preparando para encarar a vida de frente e sem surpresas. Mas a verdade é que todo dia eu tenho aquela pontinha de dúvida. Será que eu estou realmente pronto? Encarar a vida sem surpresas? Isso é possível? A verdade é que a gente só vai saber disso na hora que encarar o bicho de frente. E mesmo que o seu plano seja infalível, isso quer dizer apenas que você não pensou em todas as variáveis.

Então comecei a pensar que o melhor mesmo não é você estar preparado para tudo, é estar preparado para nada. O fato das coisas não sairem do jeito que você imaginou não significam o fracasso. Apenas que você terá que rever os seus planos, o que também não é nenhum bicho de sete cabeças. A menos que você tenha criado expectativas quanto ao que iria encontrar.
Essa é uma forma de não procurar culpados para os fracassos, ou mesmo não ver o fracasso estampado em uma porta fechada.

sábado, abril 28, 2007

A Entrevista!

Fizemos nossa entrevista no dia 25 de abril, quarta feira passada, mas só hoje eu consegui terminar esse post e colocar aqui, antes que a noticia fique velha. Depois certamente vou incrementar as informações.

Foi meio diferente do que a gente imaginava, porque as coisas aconteceram numa velocidade tão impressionante que até me decepcionei um pouco, já que os preparativos foram uma verdadeira operação de guerra e a batalha nem foi lá essas coisas. Mas isso também pode ser sinal de que estávamos muito bem preparados!

Fomos pra Sampa de carro, porque essa onda de apagões aéreos e greves de controladores tira todo o charme da viagem de avião. E se nos atrasássemos para a entrevista, babau. Também porque ir de carro significava mais da metade do gasto com avião (carro a GNV, uma das grandes saudades que terei do Brasil). Então saímos daqui umas 16h00min da terça feira e chegamos no hotel antes das 22:00h. Ficamos pertinho do local da entrevista, pra não dar zebra e pra não temos que andar demais, senão a chaleira aqui ia emagrecer uns dois quilos só no caminho. Foi a melhor coisa que fizemos. Acordamos cedo, demos uma última olhada na documentação e na papelada, tomamos um enorme café da manhã e relaxamos um pouco, antes de nos arrumarmos para o nosso encontro com o M. Leblanc.

É claro que a ansiedade era gigante e não conseguimos fica muito tempo relaxando. Quinze minutos antes das 10 já estávamos nos arrumando e descendo com a bagagem para o carro, pois fizemos o check-out no hotel antes de irmos pra entrevista, evitando o pagamento de mais uma diária. 11h15min já estávamos no Hotel Crowne Plaza, uns 200 metros distante de nosso hotel, o San Gabriel. Informamos-nos na recepção e fomos orientados a aguardar no lobby do hotel até quando faltassem 5 minutos para a entrevista. Assim fizemos. Sentamos-nos por ali e conversamos um pouco sobre o momento, nos concentramos e subimos quando faltavam ainda uns 15 minutos para o nosso horário.

Parênteses: enquanto esperávamos, vimos um casal passar em direção a saída. Carregavam três enormes caixas-arquivo. Olhei pra Tatiana e franzi a testa... Toda a pinta de que vinham do mesmo lugar para onde estávamos nos encaminhando. Mas aquela papelada toda me deixou grilado. Será que não estávamos tão bem preparados assim? Pela cara deles não deu pra saber se estavam felizes ou tristes.

Lá em cima mais uma meia hora de espera em que fizemos amizade com a camareira, tiramos fotos e tudo o mais que era possível se fazer em um corredor de hotel, para não morrermos de nervosismo. Dava pra ouvir a conversa lá dentro. Eu disse que dava pra ouvir, não pra entender. Então nos restava esperar. Lá pelas tantas a porta abre e saiu um casal com uma criança, de uns 14 anos. O M. Leblanc se despediu deles e imediatamente olhou para nós, veio em nossa direção e se apresentou.

Assim começou nossa segunda grande prova nesse processo. Sim porque a primeira foi aprender o tal do francês.

O M. Leblanc é simpático e bastante tranquilo. Isso foi muito importante durante toda a entrevista, que durou menos de uma hora. Tudo como de praxe: conferência de documentos e sempre que tinha alguma dúvida, ele nos perguntava e respondíamos. Começou comigo e depois com a Tati. Como já tínhamos feito essa entrevista um milhão e oitocentas mil vezes, sabíamos exatamente onde iríamos ter que dar explicações. Como eu já comentei aqui, eu não tenho o meu diploma da Faculdade, somente o Certificado e o Histórico de notas. E é claro que tive que explicar pra ele de novo. Mas uma pergunta que ele me fez nessa etapa que eu não tinha previsto: eu tenho uma especialização em informática e o diploma em Desenho Industrial, é possível fazer essa especialização sem ser da área? Respondi que a informática não é uma profissão regulamentada, como no Canadá também não o é. Então eu posso ser de qualquer área e me especializar nisso. Falei sem medo, que eu tenho dez anos de experiência na área e isso é mais do que uma faculdade como conhecimento. Tremendo todo, mas cheio de segurança. Acho que ele gostou, porque fez um sinal positivo com a cabeça e não fez mais perguntas sobre isso.

Num determinado ponto ele virou pra mim e disse, com a certidão de casamento na mão: “Vocês se casaram em outubro do ano tal?” Eu prontamente mandei “Oui”, obviamente sem ter processado a informação. Na mesma hora Tatiana me beliscou e disse: “claro que não, casamos em setembro!” Aí ele fez uma brincadeira e passou adiante. Acho que ele usa isso para saber se você esta entendendo o francês. Passamos a prestar mais atenção nas informações que ele pedia somente para confirmar.

Na parte dos docs. da Tati ele ficou muito impressionado com o fato de ela ter 20 anos de estudo, quando o normal é ter 15, como eu (sem a especialização, que eu ainda não terminei). Dois diplomas universitários não são muito comuns na terra dele, então ele deu os parabéns a ela e comentou um pouco sobre o trabalho que ela faz com Equoterapia. Achamos que ela ia ter que explicar tudo sobre o tema, então essa era outra coisa que tínhamos trabalhado bastante. Só que não contávamos em encontrar alguém que gosta de cavalos e que sabia exatamente do que estávamos falando. Tati mostrou o livro dela, fez o comercial do assunto (primeiro livro sobre o tema escrito por uma Fonoaudióloga) e mostrou a pesquisa dos centros que existem lá. Ele ficou mesmo interessado em saber o nome da pelagem da Tieta, a égua com que ela trabalha e que está em quase todas as fotos do livro. Ficou muito mais fácil pra ela explicar o trabalho e dizer que quer fazer isso lá, o que foi muito bem recebido por ele. Nesse mundo onde só se buscam programadores e profissionais de tecnologia foi uma grata surpresa.

E assim foi. Antes que respirássemos perdêssemos o fôlego, ele estendeu a mão e disse que havíamos sido aceitos pelo Québec! O tempo passou tão rápido que não chegamos a mostrar tudo o que havíamos levado. Ele elogiou nossa preparação. Levamos uma pasta somente com os documentos exigidos e outra com as informações que pesquisamos sobre o Canadá, o Québec e o mercado de trabalho. Sem grandes volumes e sem excesso de informação, para não ficarmos perdidos na nossa própria papelada. A apresentação pessoal também conta.

Obrigado a todos que nos deram força e fizeram pensamento positivo. Foi muuuito importante.

Motivos?

A gente tenta manter o assunto dentro de um nível menos dramático e apelativo, mas isso só acontece enquanto as vítimas estão apenas nas notícias do jornal. Afora toda a especulação e estardalhaço que se faz em cima do tema, essa coisa de onda de violência é realmente de dar medo. Nós que estamos no programa de imigração do Canadá não podemos evitar a comparação. E aí chegamos a conclusão que nós estamos acostumados com esse clima de guerra civíl nos jornais e nas ruas, mas é uma posição sem o menor cabimento. Chegamos mesmo a achar que essa é a vida normal, até que acontece com a gente e o mundo vira de cabeça pra baixo.

Graças a Deus ainda estou invicto nesse quesito, e tenho esperança. Mas cada dia tem uma notícia que deixa a gente um pouco desiludido.

Hoje me coloquei no lugar desse cara. e fiquei imaginando se isso acontecesse comigo.

Disconjuro, pé de pato, mangalô tres vezes...

sexta-feira, abril 27, 2007

As ineficiëncias do mundo moderno

Bom, eu já não venho postando com a regularidade que eu queria e agora a minha empresa resolveu controlar o acesso a internet. Com a bagunça que nego lá fazia no horário de expediente, acho até que demorou muito. Tem gente que não tem mesmo noção e os usuários acabam pagando pelos vagabundos. Usuário é aquele cara que até acessa a internet para uma coisa ou outra que não tem relação com seu trabalho, mas que tem bom senso para saber o limite das coisas. Vagabundo é aquele que chega no trabalho com uma lista de episódios de LOST para fazer download e distribuir via rede interna para todos os coleguinhas que racharam a aquele gravador de DVD externo que produz mais pirataria que o Mercado Popular da Uruguaiana. Não, não é exagero. Tem muito disso por aqui. Então, se o povo não respeita, a empresa tem todo o direito de fazer esse controle, mas tem uma galera lá que tá chamando isso de censura e tal... Devem ser as viúvas do YouTube.

É o tiro que saiu pela culatra: tecnologia que gera mais ineficiëncia, quando deveria trazer produção.

Capítulo dois: Como o acesso ao blog foi cortado no trabalho, dependo somente do meu acesso em casa para atualizar esse já capenga diário de imigração e afins. Mas até isso está por um fio. Literalmente.

Desde de fevereiro que eu fico sistematicamente sem acesso a internet e sem TV a Cabo, já que os dois serviços são fornecidos pela NET, a pior empresa do mundo em atendimento ao cliente. Desde o dia 08 de fevereiro eu já abri 14 ocorrëncias na NET por falta de sinal. Nenhuma delas foi resolvida em menos de 5 ou 6 horas. Nenhuma vez me ligaram para saber se o sinal tinha sido restabelecido. Em umas 3 vezes fiquei mais de um dia sem sinal, chegando a 3 dias. E o atendimento ao cliente é digno de um post a parte. O resumo dessa via crusis é que eu acabei de cancelar o meu contrato com esses outros vagabundos e caminho para ficar realmente desconectado do mundo. Na roça onde moro, vai ser difícil achar outro acesso. Estou tentando, mas até agora, nada.

Com a proximidade da entrevista, tem um monte de coisas que eu tou pesquisando que eu queria botar no blog, mas agora vou ter que esperar. O tempo agora só dá pra juntar as informações que precisamos levar e estudar o raio do francês, que eu nem levava fé, mas não é que estou falando!

Bom, então esse post é só um desabafo e o aviso de que dias piores virão...


PS: tá achando estranho a trema no lugar do acento circunflexo? Eu tb. Pergunta pro teclado, outro incompetente...

quinta-feira, abril 12, 2007

E o tempo vai passando

Bom, eu já não venho postando com a regularidade que eu queria e agora a minha empresa resolveu controlar o acesso a internet. Com a bagunça que nego lá fazia no horário de expediente, acho até que demorou muito. Tem gente que não tem mesmo noção e os usuários acabam pagando pelos vagabundos. Usuário é aquele cara que até acessa a internet para uma coisa ou outra que não tem relação com seu trabalho, mas que tem bom senso para saber o limite das coisas. Vagabundo é aquele que chega no trabalho com uma lista de episódios de LOST para fazer download e distribuir via rede interna para todos os coleguinhas que racharam a aquele gravador de DVD externo que produz mais pirataria que o Mercado Popular da Uruguaiana. Não, não é exagero. Tem muito disso por aqui. Então, se o povo não respeita, a empresa tem todo o direito de fazer esse controle, mas uma galera lá que tá chamando isso de censura e tal... Devem ser as viúvas do YouTube.

É o tiro que saiu pela culatra: tecnologia que gera mais ineficiëncia, quando deveria trazer produção.

Mas agora eu fiquei sem acesso ao blog e não posso mais postar de lá. Somado a isso, a NET resolveu me dar um gelo e me deixou sem internet por 3 dias seguidos. Como isso tem andado muito recorrente, eu tomei uma decisão drástica: cancelei tudo. Ah, tou cansado de ser mal tratado e ter que ficar suplicando atendimento. Estou pagando e tenho mais é que ser bajulado, não bajular ninguém. Não quer o meu dinheiro, arranjo quem queira. Bom, choradeiras a parte, já estou providenciando um outro link, melhor, mais rápido, mais caro... Morar na roça tem dessas coisas. Tudo é mais difícil.

Com a proximidade da entrevista, tem um monte de coisas que eu tou pesquisando que eu queria botar no blog, mas agora vou ter que esperar. O tempo agora só dá pra juntar as informações que temos que levar e estudar o raio do francês, que eu nem levava fé, mas não é que estou falando!

terça-feira, março 20, 2007

Mais um passo

Somente para registro:

Recebemos no dia 09 a carta para a entrevista. Sabíamos que as pessoas que aplicaram na mesma época que a gente já haviam sido convocadas para abril, mas a gente nem tava levando fé que iam chamar a gente agora. Explico:
No mês passado, quando as pessoas começaram a receber as cartas de convocação, nós também recebemos uma carta do escritório de Buenos Aires, só que ela dizia que nosso dossiê estava incompleto. Faltavam os históricos de notas das duas faculdades da Tati, uma declaração de que somos casados e o meu diploma da UFRJ. Bom, nada de grave, se eu tivesse o diploma. A UFRJ, em uma sucessão de desencontros e descasos, nunca me deixou dar sequer entrada no dito cujo, que dirá estar com ele em mãos. Mas consta nas orientações do escritório sobre o dossiê que o certificado de conclusão e o histórico de notas são suficientes para dar entrada no processo, então eu estava tranquilo. Até que eles mandaram a tal carta.

Providenciamos tudo que era possível e fizemos uma carta explicando porque eu ainda não tenho o diploma, mas tenho todas as comprovações que eles precisam. Mandamos.
A essa altura eu já tinha desencanado de entrar na rodada de entrevistas de abril. A próxima deve ser em julho/agosto e eu estava achando até bom, porque poderíamos estudar mais francês...

Mas chegou e agora temos que meter a cara. Por um lado fico feliz, porque significa que eles aceitaram a papelada e a minha cartinha serviu, mas que dá um frio na barriga, isso dá. A Bia tá confiante, dizendo que não tem dúvidas de que vamos passar, mas eu acho mesmo é que ela tá querendo dar uma levantada na nossa moral.

Resta mesmo é torcer e trabalhar pra dar tudo certo. E acordar o francês que está adormecido dentro de nós antes do dia 25 de abril. Pode ser ali pelas 10 da manhã, já que a entrevista está marcada pras 11:00h.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Depois da viagem, antes da mudança

Após um longo ano, nada melhor do que fechar com chave de ouro esse 2006, ano que marcou a decisão de mudarmos de vida, nem que seja mudando de país.

Embarcamos para a Alemanha no dia 14/12/2006, esperando fazer um estágio na neve para ter idéia de como será a vida no Canadá um dia. Bom, não era pra isso que estávamos indo pra lá. A Tati queria muito voltar à Europa depois de quase duas décadas de Brasil e eu ia fazer a minha estréia em terras d'além mar. E o que achei? A viagem foi simplesmente maravilhosa, na falta de adjetivos mais expressivos. Se eu for contar o mínimo, vou ter que escrever uns 50 posts pra poder dar conta.

A gente se sente meio insignificante quando vê lugares onde a casa mais nova tem a idade do nosso país...

Mas melhor do que conhecer todos esses lugares interessantes e carregados de história, só mesmo encontrar as pessoas que nos esperavam por lá. Foram 30 dias de puro prazer, cansaço físico, descanso mental e ... nenhuma neve. Pois é. Como vocês já sabem o inverno chegou tarde esse ano. Tão tarde que a gente já estava de volta e trabalhando quando recebemos as notícias da primeira neve por lá. Mas não foi de todo uma má notícia, porque pudemos fazer mais coisas que não teríamos tempo nem disposição para fazer com neve até o queixo, como estava no ano passado na mesma época. E neve é o que não vai faltar no futuro, se Deus quiser ... e o Bush assinar o tal protocolo de Kioto. Aliás, o Harper tb...

No fim das contas ficou a vontade de voltar pra conhecer mais coisas, os países do leste talvez. E reencontrar os amigos que ficaram lá e fizeram da casa deles a nossa casa esses dias todos. E olha que nos somos espaçosos!

Mas, antes que vocês percebam que esse post não tem nada a ver com o Canadá, aqui volto ao tema do blog: no dia da viagem saímos com o pacote debaixo do braço rumo ao aeroporto. Lá dentro estava a papelada para dar entrada no processo. Queríamos dar entrada antes de viajar, porque teríamos um mês de distração até lembrarmos de novo da história e ficarmos roendo os dedos até a chegada do mail com a confirmação de recebimento do pedido. Mas não tivemos tempo antes e então o pacote foi conosco até o Galeão. Lá entregamos para a mãe da Tati, que tratou de despachar pra nós.

E assim começou oficialmente nossa história rumo ao Canadá: Indo pra Alemanha.

Iniciando o ano...

E o tempo passou...

E parece que nem passou tanto assim. Tá certo que aconteceram muitas coisas nesses meses de total abandono do blog, mas ninguém visita o blog mesmo, porque eu não publiquei ele ainda, então se vc está lendo esse post não vai perceber que eu escrevo aqui a cada 4 meses... :D

Desculpas à parte, vamos às novidades, não necessariamente nesta mesma ordem:

1- Apresentei o meu trabalaho na Pós-Graduação na quarta feira da semana passada. Nem quero mais saber de estudar nessa terra. Vai ter um post só pra contar as minhas agruras com a PUC-Rio...
2- Enfim, nossa Lua de Mel/Férias merecidas na Alemanha, com direito a tratamento seis estrelas e muita saudade dos nossos padrinhos queridos e dos amigos de lá.
3- Parte da promessa cumprida, os documentos para a abertura do processo de imigração foram enviados ainda no ano de 2006. Agora é correr com o francês, que anda meio esquálido depois de um mês "falando" alemão.

Devagar, vamos botar o assunto em dia.

Abraços,
Manu.