quinta-feira, julho 21, 2016

Serie "A Família" - Tomo I

"Família, família
Janta junto todo dia,
Nunca perde essa mania"

Durante muitos anos isso foi verdade lá em casa. Meu pai sempre saía de casa cedo e chegava somente no fim do dia. Minha mãe trabalhava tb o dia todo. Então o jantar era a refeição da família. O Jantar era a hora em que a gente colocava o assunto em dia, eles recebiam os relatórios de acompanhamento feitos por Tiata previamente, e então eu e as minhas irmãs recebíamos os elogios ou as críticas merecidas pelas ações do dia.

Quando fomos crescendo, essa era também a hora em que falávamos de assuntos diversos e discutíamos de tudo, com o tom de voz normal de quem está em pleno Largo da Carioca, pregando contra o capeta que existe no peito de todo pecador do centro da cidade. Essas discussões acaloradas moldaram a forma como eu gosto de defender meu ponto de vista de vez em quando, e as vezes os vizinhos poderiam mesmo achar que a gente estava se engalfinhando pelo chão da casa.

Mas essa foi, na verdade, a melhor lição de democracia que eu recebi. Ali éramos todos iguais e meu pai nos incentivava a expressar nossa opinião, por mais absurda que pudesse parecer. Sempre soubemos quem mandava na casa, embora eventualmente defendêssemos um golpe de estado familiar, prontamente debelado pelo ponto de vista politicamente correto do Sr. Senna.

Ainda hoje, com toda a distância e a dificuldade do dia a dia, cada vez que toca o telefone e é o meu pai, a Tati já sabe: Ihh, agora é pelo menos umas duas horas de telefone...

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Poi é, não sei discutir em voz baixa até hoje, mas o importante é que não falto com o respeito a ninguém. Falo o que quero, ouço o que não quero e é conversando que a gente vai se entendendo...

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