quarta-feira, outubro 17, 2007

Encontro Rio

Uma das coisas mais importantes para quem chega no Canadá e precisa arrumar um emprego é ter acesso a boas propostas de trabalho. E a melhor forma de conseguir fazer isso é por indicação de alguém. Estima-se que muito mais da metade das ofertas de trabalho não estão anunciadas em lugar nenhum. Serão preenchidas por indicações de funcionários internos.
Mas se você não conhece ninguém, como arrumar uma indicação? A resposta óbvia é: fazendo amigos. E fazer amizades é um esporte nacional no Brasil. Assim, um grupo de pessoas aqui do Rio teve uma idéia genial: vamos reunir os cariocas que estão imigrando e fazer a nossa rede de contatos já daqui. Quando chegarmos lá no Quebec já contaremos com figuras conhecidas para nos dar um apoio, por mínimo que seja. Só saber que terá a quem pedir socorro numa emergência já será tranqüilizante.
Assim, em meados de 2006 começaram os encontros desse grupo, pelo menos para mim, que fui à Cobal do Humaitá para encontrar pessoas que eu nunca tinha visto na vida, mas que seriam importantíssimas no meu futuro. Dali os encontros foram para o Bar da Rampa, aos pés da Baia de Guanabara, e depois para o local onde estamos até hoje: no ed. Morada sol, em Botafogo.
À frente desses eventos sempre estiveram, entre outros colaboradores, o Jéferson e o Carlos Luis, que criaram o formato do encontro que se mantém até hoje: uma palestra para os novos participantes que ainda estão buscando informações básicas sobre o processo, aquelas perguntas que ninguém mais suporta responder na lista. Em seguida, uma outra palestra, com um tema de interesse sobre o Canadá, para expandirmos o debate sobre o processo com fatos mais reais do que as especulações que normalmente lemos nas listas que existem por ai. Por último, um happy-hour, com refrigerantes e salgadinhos, onde todos são “convidados” a se apresentar ao grupo, num esquema meio Alcoólicos Anônimos :), para botarmos em prática o networking e trocarmos idéias e experiências sobre o futuro que nos espera.
E a história mostra que estamos no caminho certo. Com quase dois anos de eventos mensais, já temos casos em que contatos renderam empregos por lá. E tivemos muitos bons momentos em grupo que, se não se transformarão em laços profissionais, certamente serão laços de amizade, tão importantes quanto o primeiro emprego para que vai se mudar para uma terra estranha, com clima estranho e gente estranha.
Hoje o encontro é organizado por um outro grupo, do qual faço parte, e o Jéferson e o Carlos já não estão mais no Brasil. Essa transição foi um sucesso e mostrou que estamos construindo alguma coisa boa aqui, haja vista que o evento tem se mantido lotado.
Daqui a pouco será a nossa vez de dar adeus à organização e partir para a próxima etapa. Espero que o encontro continue com é hoje, um sucesso. E que lá possamos colher os frutos das amizades que fizemos aqui.
Se você quizer conhecer o nosso encontro, entre na comunidade
Quero Ir Para Québec.

Nosso Processo Federal

Bom, fizemos nossa entrevista no fim de abril e conseguimos o CSQ. Assim, a próxima etapa é o processo federal. Isso quer dizer mais um bocado de formulários pra preencher, mais um bocado de documentos para providenciar e mais um monte de paciência depois, porque essa é a fase da espera, onde ficamos em média uns seis meses sem ter nenhuma notícia do que está acontecendo por lá.

Mas no nosso cronograma, nossa viagem estava programada apenas para março ou abril de 2008. Então isso nos dá uma tranqüilidade para enviar o formulário do Federal e receber o pedido de exames ainda esse ano, dando até para adiarmos essa nova maratona um pouco e ter umas férias desse processo todo, porque ele estressa um pouco.

Só que planejamento feito com o trabalho dos outros costuma não dar muito certo, porque você não pode controlar os prazos alheios. Deixamos para colocar o nosso formulário federal em meados de julho, uns dois meses e meio depois do CSQ. Só que não colocamos no cronograma a enxurrada de processos que o Consulado está recebendo e que é fruto da divulgação maior que o processo está tendo. Recebemos a carta de confirmação de abertura do processo indicando que podemos ficar até dez meses esperando para sermos contatados de novo. Isso está atrasando um pouco os processos e o no nosso caso, as “férias” que tiramos pode acabar com o nosso planejamento, empurrando nosso “landing” para junho ou julho.

A Tati tem fé que nosso plano ainda está valendo, eu já não tenho tanta certeza assim. Mas como de uma forma ou de outra o que nos resta é sempre esperar, aguarde cenas do próximo capítulo.

segunda-feira, outubro 08, 2007

A Mudança antes da Mudança

Pois é. Começou a despedida da vida “brasillis”. Estamos desocupando a casa onde moramos. Um pouco antes do que as outras pessoas que estão imigrando fazem, porque ainda nem recebemos os pedidos de exames médicos. Mas precisamos fazer uma reforma na casa, manutenção característica de uma casa na praia, então aproveitaremos para nos mudarmos de vez e irmos nos desfazendo das coisas com calma, enquanto temos tempo. Mais dia menos dia a correria vai pegar a gente e é melhor estar preparado para ela.
Está tudo à venda: da cozinha ao quarto, tudo é negociável. Vamos morar com a mãe da Tati, então só precisamos levar a cama e as roupas... E um monte outras coisas que não foi possível ainda vermos indo embora e que ficarão para uma próxima edição. Começarmos agora, tão cedo, tem essa vantagem, talvez a única: podemos nos acostumar aos poucos com a idéia de que nossa vida precisa caber em uma coleção de malas.
Mas é difícil sair ileso de um processo desses. Para quem não tem muito apego às coisas é fácil, mas para mim não. Sou juntador de tralhas confesso, adoro a minha casa e as coisas que estão dentro dela. Tudo ali foi escolhido por nós e não faz muito tempo. Então estamos ainda na fase de curtir a casa, não enjoamos de nada. Se eu fosse casar de novo, minha casa seria praticamente igual.
Muitas coisas têm, além do valor monetário, a história que está por trás. Aquele tapete onde eu dormi muitas tardes de fim de semana vendo televisão. A rede com armação de madeira, que ficava na varanda e veio de Salvador depois de uma briga com a Cia. Aérea que não queria deixar aquilo embarcar de jeito nenhum. As cortinas da sala e do quarto, as colchas, tapetes e toalhas de mesa, testemunha de nossa paixão pelo artesanato do Nordeste. A minha oficina no sótão, todos os aparelhos da cozinha e o aquário... Meu aquário. Vinte e poucos anos de convivência com a água em movimento dentro de casa foram encerrados no dia 29 de setembro. Pelo menos vou poder ainda visitar ele na casa da “cumadi”, que tirou o elefante branco da minha sala.
Pois é: a imigração já chegou aqui em Itacoatiara e nós estamos digerindo isso ainda. O último dia em nossa casa foi exatamente o dia em que fizemos três anos de casados. Exatos três anos morando nessa praia maravilhosa que não tivemos muito tempo de curtir. Vamos agora começar uma nova contagem e espero que dentro de uns dois ou três anos possamos fazer essas contas em algum lugar de Gatineau.
Já saímos da frente da praia. Falta entrar no freezer...