segunda-feira, outubro 08, 2007

A Mudança antes da Mudança

Pois é. Começou a despedida da vida “brasillis”. Estamos desocupando a casa onde moramos. Um pouco antes do que as outras pessoas que estão imigrando fazem, porque ainda nem recebemos os pedidos de exames médicos. Mas precisamos fazer uma reforma na casa, manutenção característica de uma casa na praia, então aproveitaremos para nos mudarmos de vez e irmos nos desfazendo das coisas com calma, enquanto temos tempo. Mais dia menos dia a correria vai pegar a gente e é melhor estar preparado para ela.
Está tudo à venda: da cozinha ao quarto, tudo é negociável. Vamos morar com a mãe da Tati, então só precisamos levar a cama e as roupas... E um monte outras coisas que não foi possível ainda vermos indo embora e que ficarão para uma próxima edição. Começarmos agora, tão cedo, tem essa vantagem, talvez a única: podemos nos acostumar aos poucos com a idéia de que nossa vida precisa caber em uma coleção de malas.
Mas é difícil sair ileso de um processo desses. Para quem não tem muito apego às coisas é fácil, mas para mim não. Sou juntador de tralhas confesso, adoro a minha casa e as coisas que estão dentro dela. Tudo ali foi escolhido por nós e não faz muito tempo. Então estamos ainda na fase de curtir a casa, não enjoamos de nada. Se eu fosse casar de novo, minha casa seria praticamente igual.
Muitas coisas têm, além do valor monetário, a história que está por trás. Aquele tapete onde eu dormi muitas tardes de fim de semana vendo televisão. A rede com armação de madeira, que ficava na varanda e veio de Salvador depois de uma briga com a Cia. Aérea que não queria deixar aquilo embarcar de jeito nenhum. As cortinas da sala e do quarto, as colchas, tapetes e toalhas de mesa, testemunha de nossa paixão pelo artesanato do Nordeste. A minha oficina no sótão, todos os aparelhos da cozinha e o aquário... Meu aquário. Vinte e poucos anos de convivência com a água em movimento dentro de casa foram encerrados no dia 29 de setembro. Pelo menos vou poder ainda visitar ele na casa da “cumadi”, que tirou o elefante branco da minha sala.
Pois é: a imigração já chegou aqui em Itacoatiara e nós estamos digerindo isso ainda. O último dia em nossa casa foi exatamente o dia em que fizemos três anos de casados. Exatos três anos morando nessa praia maravilhosa que não tivemos muito tempo de curtir. Vamos agora começar uma nova contagem e espero que dentro de uns dois ou três anos possamos fazer essas contas em algum lugar de Gatineau.
Já saímos da frente da praia. Falta entrar no freezer...

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